Qual a importância da participação em atividades artísticas?

Publicado em
08
de
July
de
2024

Pensar em atividades capazes de provocar reflexões sobre memória, cultura e patrimônio material e imaterial é um grande exercício coletivo. Assim, colocar a “mão na massa” e se sentir pertencente a uma instalação artística pode ajudar a entender melhor seus objetivos e provocações. No programa Deslocamentos MEA, o curador Estevão da Fontoura foi o responsável por elaborar as interações que ajudam a dar sentido às obras da exposição.

Confira abaixo a entrevista com o curador e descubra qual o propósito de cada uma das ativações.  

Estevão, por que ter ativações em uma exposição de arte?

Fazer com que as pessoas coloquem a mão na massa faz parte da nossa proposta educativa. Além de ser artista e curador, sou também professor há vinte e oito anos e fui desafiado a propor para esse projeto atividades que também tivessem caráter educativo. Principalmente proporcionar experiências para os estudantes que visitassem a exposição.

Quais são as atividades disponíveis?

Temos a iniciativa da carta, com materiais diversos dispostos, como carimbos, cola, tesoura, caneta, papel, papéis coloridos e lápis de cor. Uma série de materiais que a pessoa pode fazer uma carta. Porque temos uma obra de arte na exposição, que é uma obra original de arte-postal de Porto Alegre, dos anos setenta. Os mediadores e as mediadoras vão informar o público durante a exposição sobre esse movimento, vão também convidar as pessoas a sentarem nessa mesa e produzir um desenho, uma carta, experimentar e criar, produzir algo para ser enviado pelo correio pela equipe do Deslocamentos.  

Além dessa proposta de produzir uma carta, a gente tem o trabalho que é a rádio. Ele se conecta com a oficina que acontece no fórum, na qual a gente produz um programa de rádio, as pessoas sentam, contam histórias sobre a cidade e essas histórias vão ser gravadas e vão virar um programa que tem a ver com a cidade. Esse programa automaticamente vai ser transferido para o cartão de memória do nosso dispositivo que tá transmitindo rádio e aí a exposição passa a ter além do programa de rádio que já vem de outro município, as histórias contadas na oficina, e assim vai se somando lugar a lugar. Quando chegar no último município, que vai ser Nova Candelária, a gente vai ter um programa extenso com histórias de todos que participaram e que vão poder ser ouvidas na exposição final no MEA. Então são duas diferentes possibilidades de interação com a exposição. E tem mais uma ainda, que é o painel de fotos.

Você poderia falar mais sobre essa iniciativa das fotos?

No MEA há uma exposição de fotos antigas da cidade de Horizontina, chamada Tecendo Memórias, e um fragmento dessa exposição está no Deslocamentos. Eu pensava como conectar aquela exposição de fotos antigas com a exposição itinerante, com o que a gente está fazendo aqui. Então sugeri que a gente colocasse uma câmera instantânea na exposição, assim as mediadoras vão ficar com essa câmera e elas vão fotografar o público e o público vai participar da exposição a partir da sua imagem, que vai ser colocada no painel.

Ele veio vazio no primeiro dia de exposição, aí a gente tirou uma foto da equipe, colocou ali, e à medida que as pessoas vão visitando o projeto, as mediadoras vão tirando as fotos e adicionando lá. A ideia é que numa exposição que tem fotos antigas possamos também expor as pessoas que estão visitando a exposição. Porque lá são pessoas na cidade no passado, e agora isso vai criar um uma história imagética atual.

E o que você está percebendo dessa participação do público?

Lá em Porto Vera Cruz, uma cidade de mil e quinhentos habitantes, a gente teve um calhamaço de cartas. Na oficina da rádio, tivemos uma participação de mais ou menos quinze pessoas por turno na oficina. Em Tucunduva eu imagino que a gente vá produzir pelo menos uns vinte minutos do programa. As pessoas estão participando, estão achando interessante, estão interagindo.

Foto: Estevão da Fontoura, curador da exposição Deslocamentos MEA e responsável pelas ativações. Crédito: Takaki Fotos

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